A Ansiedade e como a psicanálise pode te ajudar!

22/09/2025

Vivemos em um tempo acelerado, cheio de cobranças, expectativas e comparações. Não é à toa que tantas pessoas chegam ao consultório trazendo a ansiedade como uma grande dificuldade. Às vezes, ela aparece em forma de palpitações, insônia, preocupação constante ou até mesmo como uma sensação de que "nunca é suficiente".

Na psicanálise, a ansiedade não é vista apenas como algo a ser "eliminado". Ela é uma linguagem do inconsciente, uma forma que a mente encontra para sinalizar que algo dentro de nós precisa ser escutado. Em vez de apenas "acalmar os sintomas", o trabalho psicanalítico nos convida a compreender o que está por trás da ansiedade: medos, conflitos internos, exigências que fazemos a nós mesmos ou repetições de histórias antigas.

Com o tempo e o espaço do processo analítico, a pessoa pode:

  • reconhecer de onde vem certas angústias;
  • elaborar experiências emocionais que estavam guardadas;
  • aprender a se relacionar de forma mais leve com suas próprias expectativas;
  • encontrar novas formas de lidar com situações desafiadoras do dia a dia.

A psicanálise é um caminho de transformação profunda, mas sei que muitas vezes também buscamos medidas práticas para lidar com a ansiedade no cotidiano. Por isso, deixo algumas sugestões que podem ajudar a atravessar momentos de maior tensão:

Dicas práticas para aliviar a ansiedade no dia a dia

  1. Respire com presença: pare por um minuto, feche os olhos e faça três respirações profundas, prestando atenção no ar que entra e sai.
  2. Crie pequenas pausas: ao longo do dia, desligue-se das telas por alguns minutos e apenas observe o ambiente ao seu redor.
  3. Escreva seus pensamentos: quando sentir a mente acelerada, coloque no papel o que está passando por dentro. Isso ajuda a organizar e aliviar a sobrecarga.
  4. Movimente o corpo: caminhadas leves, alongamentos ou qualquer atividade física prazerosa ajudam a reduzir a tensão.
  5. Seja gentil consigo mesmo: em vez de se cobrar perfeição, reconheça os passos que já conseguiu dar.

Essas práticas não substituem o processo analítico, mas podem ser grandes aliadas no dia a dia. A psicanálise oferece um espaço único de escuta e acolhimento, onde a ansiedade deixa de ser apenas um sintoma incômodo e se transforma em um convite para conhecermos melhor quem somos.


Relacionamento, a difícil arte de conviver

Conviver em um relacionamento amoroso é, sem dúvida, uma das maiores alegrias e também um dos maiores desafios da vida. Seja em relacionamentos heterossexuais, bissexuais ou homossexuais, todos nós enfrentamos questões muito parecidas: expectativas, diferenças, ciúmes, necessidade de reconhecimento, medo de perder e, ao mesmo tempo, o desejo de preservar a própria individualidade.

O que torna o amor tão difícil não é apenas o outro, mas o que ele desperta dentro de nós. Estar com alguém faz emergir fragilidades, inseguranças e histórias antigas que muitas vezes nem percebemos carregar. O amor exige convivência, e convivência exige lidar com frustrações, com o que não é exatamente como gostaríamos, e também com a estranheza que o outro pode representar.

Na psicanálise, entendemos que os relacionamentos amorosos não são apenas encontros de duas pessoas, mas também de dois mundos internos. Cada parceiro traz consigo marcas da infância, modos de se relacionar, formas de amar e de temer a perda. Muitas vezes, sem perceber, repetimos padrões aprendidos muito cedo — esperando do outro aquilo que um dia faltou, ou reagindo com intensidade desproporcional a pequenas situações, porque tocam em feridas antigas.

É aí que a psicanálise vincular pode ajudar. Diferente da ideia de analisar só o indivíduo isolado, ela nos convida a olhar para o espaço da relação: como o casal se constitui, o que cada um projeta no outro, quais são os jogos inconscientes que se repetem e que geram sofrimento. Esse olhar permite que o casal compreenda não apenas o conflito imediato, mas também os significados mais profundos que sustentam aquela dinâmica.

Ao invés de culpar ou de tentar mudar o outro, a psicanálise oferece um espaço de escuta e reflexão, em que os parceiros podem reconhecer seus próprios movimentos inconscientes e, pouco a pouco, construir uma forma mais verdadeira e saudável de estar juntos.

Conviver a dois é difícil porque nos coloca diante de nós mesmos. Mas é também essa dificuldade que abre a chance de crescer, de se conhecer e de transformar o vínculo em um espaço vivo, de encontro e de criação.

Dicas práticas para fortalecer um relacionamento

  1. Conversem de verdade: não apenas sobre tarefas do dia a dia, mas sobre sentimentos, expectativas e desejos.
  2. Criem pausas juntos: pequenos momentos de qualidade, sem telas ou distrações, ajudam a nutrir a intimidade.
  3. Respeitem os espaços individuais: estar junto não significa abrir mão de si; cada um precisa de tempo próprio para respirar.
  4. Valorizem as diferenças: em vez de ver o que não combina como obstáculo, olhem como oportunidade de ampliar o mundo de cada um.
  5. Pratiquem o cuidado pequeno: gestos simples — ouvir, perguntar como o outro está, reconhecer uma qualidade — podem transformar o clima do relacionamento.

O amor não é um lugar pronto, mas um espaço em constante construção. E a psicanálise pode ser um aliado precioso para que essa construção seja menos marcada por repetições inconscientes e mais aberta ao encontro verdadeiro.